terça-feira, 20 de maio de 2014

Cigana cor

Minha vista  cansada de dias opacos
Corre em direção as cores 
de um dia arremessado
pela dimensão que flutue meus pés. 
Ao ar do Recife Antigo
tardes largas finas nuvens
saboreadas em saias balançadas
no frescor dos passos mansos
ao encontro da cigana que
me dança nos sonhos
e me beija segredos expostos
mesclando flores ao sol.



Libélula

Cores se moldam
na idade que passa
em histórias que crescem
como dias quentes
e noites brandas.
Folha que cai no rio prateado,
uma libélula que voa

e lá repousa a vida

de direções inconstantes
na folha seca  

levada sem caminho

nessas manhãs quentes

Libélula que vai
fluída no sopro de um lenço
pelo tempo da vida

sem pesar a despedida.


Saborear


Parte do que vejo

Aos primos e primas,

Recordo subitamente de quando escalava
as mangueiras na casa de minha avó
onde o verde era farto
e a meninada corria descalça

Quando acontecia da chuva visitar
aquele cheiro de terra molhada se alastrava
mas a brincadeira não findava
era gritaria, risada, chororô
lá o amor reinava

todo mundo se banhava juntinho
ao ar do pé de azeitona roxa
com chuveiro do tamanho do universo.

A rede era o parque de diversão
as vezes acontecia de alguém sair voando
logo caia de testa no chão
e o mais esperto ia correndo pegar a almofada
pra abafar o choro e ninguém levar carão
ah... corridas no carro de mão não faltava
Nem o velho balanço feito de madeira e corda
no imenso pé de jaca.

Todo domingo tinha folia
nas terras dos meus avós.

No tempo de são João
a fogueira tentava encostar o céu
já os jarros de barro se iam em pedaços
naquelas experiências com fogos de artifícios.

Comida com carinho de avó
salgadinhos e docinhos escondidos
que nem se precisava
a gente tudo achava

Primos, tios, gatos, cachorros, passarinhos
tinha de tudo nessa terra fértil
onde o sonho era acordado
e o mundo era mágico.
 

Desconectar

A vida começa a desconstruir-me
arranca a respiração
É como se não existisse ar
nada além do vazio 
Toda filosofia se desencontra
a mente se dissolve
Já não existe onde por os pés
Estou deitada no mar.